Pernambuco terá o único representando do Brasil em Lançamento Internacional da Rede Global de Acadêmicos da Liberdade
O Brasil será representado por Cícero Alves, presidente do Instituto Fênix em Pernambuco, no evento de lançamento da Rede Global de Acadêmicos da Liberdade (Global Freedom Scholars Network, GFS), que acontecerá no dia 31 de agosto, em São Paulo. Esta rede internacional é uma iniciativa pioneira que conecta ex-presidiários de diversos países que obtiveram diplomas universitários enquanto estavam encarcerados. O evento é organizado pela Incarceration Nations Network (INN), uma organização global dedicada à reforma inovadora do sistema prisional. Cícero Alves, que passou nove anos privado de liberdade por um crime que não cometeu, é uma inspiração para todos que acreditam no poder transformador da educação. Ele foi a primeira pessoa no Brasil a iniciar e concluir uma faculdade enquanto cumpria pena em regime fechado. À frente do Instituto Fênix, Cícero trabalha incansavelmente para oferecer oportunidades educacionais a pessoas em situação de vulnerabilidade, defendendo que a educação é a chave para a reintegração social e a redução da reincidência criminal (Cicero embarca dia 27 para São Paulo, onde ajudará na organização do evento e cumprirá algumas agendas). Evento de justiça internacional em São Paulo marca o lançamento da Rede Global de Acadêmicos da Liberdade, onde egressos do sistema prisional de diversos países se unem em movimento para garantir a oportunidade de estudar aos que estão privados de liberdade, o mesmo, será gratuito e aberto ao público, realizado no Museu do Futebol, no Estádio do Pacaembu, em São Paulo. A programação inclui apresentações culturais, debates e a participação de delegados de 12 países, todos eles ex-presidiários que encontraram na educação um caminho para uma nova vida. Além de Cícero Alves, o evento contará com representantes de países como Nigéria, Itália, Reino Unido, EUA, África do Sul, entre outros. O objetivo do encontro é aumentar a conscientização sobre a importância da educação nas prisões e discutir estratégias para ampliar o acesso ao ensino superior para pessoas privadas de liberdade. O Brasil, que tem uma das maiores populações carcerárias do mundo, enfrenta desafios significativos nesse campo, com altos índices de reincidência que refletem a falta de políticas eficazes para a reintegração social. “Hoje, o Brasil ultrapassa a marca de 800 mil presos. Já em relação aos dados do perfil educacional da pessoa encarcerada no Brasil, os índices se mostram ainda mais alarmantes. Com a maioria da população em cumprimento de pena restritiva de liberdade jovem (e preta), onde mais de 41% têm até vinte e nove anos, apenas um pouco mais de 10% têm o Ensino Médio Completo e mais de 46% não chegou a concluir o Ensino Fundamental”, ressalta Katherine de Almeida Martins, coordenadora do projeto Nova Rota e mestranda em criminologia na USP. Ainda de acordo com Martins, esse perfil de baixa escolaridade tende a se agravar durante o período de encarceramento. Apenas 16,18% do total da população encarcerada dos presídios estaduais está matriculada em algum curso de formação escolar (incluindo, aqui, os quase 3 mil alunos de cursos superiores, técnicos, esse índice cai para 0,40% quando nos referimos à população egressa que ainda está cumprindo pena). Após o evento público, membros da Rede GFS se reunirão na Faculdade de Direito da USP para redigir o Manifesto GFS, que orientará as próximas ações da rede. Este manifesto será um importante documento para impulsionar políticas públicas que promovam a educação como ferramenta essencial para a transformação social. Entre as próximas etapas estão eventos anuais em cada país da rede, uma reunião global por ano, o desenvolvimento de atividades voluntárias e programas de bolsas de estudo, a expansão da rede para mais seis países e uma audiência na ONU sobre Educação e Não Encarceramento. Também será lançada uma plataforma multimídia online da GFS, que permitirá que os alunos da rede de todo o mundo criem páginas de perfil, colaborem e se comuniquem entre si, além de permitir que acadêmicos e membros da comunidade empresarial atuem como mentores e empregadores dos alunos da rede. “Na INN, falamos religiosamente sobre ‘Educação, Não Encarceramento’, tanto porque sabemos que o acesso ao ensino superior muda vidas e comunidades, quanto porque a ideia de educação universitária para pessoas encarceradas e egressas do sistema prisional não é uma ideia radical, mas necessária e, portanto, praticada em países de todo o mundo, inclusive no Brasil”, explica a Diretora Executiva da INN, Dra. Baz Dreisinger. Professora do renomado John Jay College of Criminal Justice da City University of New York, ela é autora do premiado livro Incarceration Nations: A Journey to Justice in Prisons Around the World, considerado um dos melhores livros do ano pelo The Washington Post. A participação de Cícero Alves neste evento é um marco para o Brasil, destacando o papel fundamental da educação na construção de um futuro mais justo e igualitário.
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