Destaques <strong>Projeto “Mulheres de Repente” é destaque na Festa Literária Internacional de Paraty, no Rio de Janeiro</strong>

Projeto “Mulheres de Repente” é destaque na Festa Literária Internacional de Paraty, no Rio de Janeiro


O espaço também tem como objetivo contribuir para o incentivo ao intercâmbio cultural entre artistas do Nordeste e do Sul do Brasil. O grupo é formado por cinco mulheres moradoras da Zona Rural, do Sertão do Pajeú

A equipe do projeto “Mulheres de Repente” estreou na 20ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que aconteceu no Rio de Janeiro, nos dias 25, 26 e 27 de Novembro. As cinco jovens, moradoras da Zona Rural, do Sertão do Pajeú, interior de Pernambuco, propagaram, por meio dos versos de improviso, suas vivências sociais, ambientais, culturais e, principalmente no enfrentamento à violência de gênero e outras temáticas. A atuação delas foi significativa e notória. Como resultado, as mulheres ocuparam a maior parte das mesas este ano – foram 25 contra nove homens. 

Na programação o grupo participou da Mesa de Glosas, mediada pela multiartista Luna Vitrolira, com o objetivo de transmitir uma vivência imersiva e prática da cultura literária pernambucana, como construção de poesias e versos a partir do olhar para fatos, experiências e vivências sob o ponto de vista feminino. . As artistas também comandaram o workshop: “Glosa: nuances da oralidade e da escrita”, com a proposta de repassar conhecimentos sobre os processos criativos e cognitivos para criação de versos. A ideia foi trabalhar elementos partécnica, métrica, escrita, memorização, agilidade, repertório, e questões de gênero que trazem para luz debates importantes sobre as mudanças na modalidade a partir do protagonismo femino.

O projeto “Mulheres de Repente”, iniciou em 2018, é formado pelas glosadoras Luna Vitrolira (Tracunhaém), idealizadora do grupo; além das poetisas Francisca Araújo, 27,(Iguaracy); Milene Augusto, 20, (Solidão); Elenilda Amaral, 35, (Afogados da Ingazeira);  Dayane Rocha, 26 (Brejinho de Tabira); Thaynnara Queiróz, 30, (Carnaíba); e  as produtoras do projeto, da cidade do Recife, Vick Vitoria, 61, e Taciana Enes, 41.  A proposta já percorreu eventos espalhados por todo o Brasil.

Para Elenilda Amaral  “a experiência de estar na FLIP é tão catártica que ainda estou processando o que foi tudo isso que vivemos. Uma verdadeira explosão de sentimentos, que transcende o viés cultural que nosso fazer poético carrega. É muito mais do que muitos enxergam como fama, sucesso, publicidade, etc… É um ecoar de vozes de mulheres sertanejas que transformam mulheres onde quer que elas estejam” . Na compreensão de Luna poder levar essa voz a outros ares e poder emprestar essa voz a tantas causas como: “combate ao machismo, racismo, xenofobia, homofobia, transfobia, luta por justiça social e, seja qual for a forma de exclusão e repressão, é de um significado tão grande que ainda estou processando o alcance de tudo isso”.

“A FLIP para mim foi algo surreal”. A declaração de Milene Augusto descreve bem a emoção sentida por sua participação neste evento. “Parece que ainda estou vivenciando um sonho. Não imaginava vivenciar momentos tão incríveis assim. Foi algo que superou todas as minhas expectativas. Estou em extasse”, conta entusiasmada. 

A participação na FLIP promoveu uma profunda transformação na vida e perspectivas de Dayane Rocha. “Estar na FLIP é algo inexplicável, algo indescritível. Devido toda a força que o festival tem e de todas as lutas que nós precisamos passar para estar nesse espaço que também é nosso. Passar por tantos tabus para que a nossa presença feminina fosse notada e respeitada.  Estar na FLIP é uma consagração na vida de qualquer artista. Levar a voz da nossa comunidade e de outras mulheres, levar a voz de mulheres que eram silenciadas e mortas quando eram expostas as suas opiniões e sentimentos”, aponta. Apesar do protagonismo feminino  ela observa que hoje o grupo ainda passa por tanta luta para continuar e sendo porta voz de tantas outras mulheres. “A FLIP representa uma grande confraternização das nossas conquistas, das nossas lutas e de tudo o que a gente teve que abrir mão par chegar aonde a gente chegou”, ressalta. 

Francisca Araújo se se sente muito feliz e agraciada pela oportunidade em participar da programação da FLIP, pelos momentos de Workshop e as oficinas sobre o protagonismo feminino nas mesas de glosa e também sobre a construção métrica das glosas.  Ela pontua afirmando que “a mesa foi um momento de muita emoção e alegria, para todas nós que estivemos participando, pela receptividade, pelo carinho da plateia, organização e toda a equipe que nos acolheu.  A nossa alegria se completa com a sinergia, através do público. Ter a oportunidade em estar participando da FLIP fortalece, ainda mais as nossas lutas e nossas atividades. Esse é o sentimento de plena gratidão”. 

Para a poetisa, Thaynara Queiróz, estar na na FLIP foi uma experiência única. “Uma oportunidade de democratização do acesso à cultura e também de intercâmbio entre as várias formas de produção de arte no Brasil”. Ela enaltece a oportunidade me levar a poesia de improviso, produzida no Sertão do Pajeú, para esse espaço democrático. “Espero que tenhamos à oportunidade de voltar a FLIP. Só agradecimento e também a responsabilidade de trazer dessa experiência, contribuições para a poesia que já é feita no Sertão do Pajeú”, disse.

A participação do projeto “Mulheres de Repente” na Flip contou com o apoio do Serviço Social do Comércio (Sesc), e incentivo do Governo de Pernambuco, por meio dos recursos do Funcultura.  A agenda de trabalhos para 2023 contempla o lançamento de um documentário sobre o papel das mulheres atuantes na cultura popular, especialmente na construção de repentes e poesias. 

Carlos Peruca 08 dez 2022 - 20:13m

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