Destaques DIA DE PRAIA

DIA DE PRAIA


A praia, e o mar, exercem um fascínio impressionante sobre a minha mulher, Áurea Regina. E ela faz questão de exclamar constantemente, como se fizesse parte de uma liturgia diária. O seu encanto por essas dádivas ofertadas pela natureza chega a ser contagiante. Hoje, apesar do emblemático viés cívico contido na data – 7 de setembro – dia em que se comemora a Independência do Brasil, foram as saudosas e memoráveis viagens à praia, que fazíamos em datas pontuais, que me vieram a lembrança.
A época, durante minha infância, a frota do transporte coletivo de Carpina era composta por várias empresas. Uma delas pertencia ao meu pai, Jaime Gomes Expresso São Judas Tadeu. Pois bem! O feriado de 7 de Setembro era reservado para um passeio – piquenique – em uma das praias do deslumbrante litoral pernambucano.
Os preparativos começavam bem antes da data, com a reserva de lugares por várias famílias, que normalmente eram as mesmas, fato que tornava o grupo mais homogêneo e unido. O destino a ser visitado também era definido com antecedência, gerando uma expectativa ainda maior sobre a viagem. E nesse turismo interno passamos a conhecer as praias de Piedade, Candeias, Gaibu, São José da Coroa Grande, Rio Doce, Janga, Conceição, Maria Farinha. Algumas vezes fomos até Tambaú, em João Pessoa, na Paraíba mas o passeio se tornava muito cansativo por conta da distância.
Éramos o que a falsa elite hoje chamaria de “farofeiros profissionais”. Aceitamos o insulto e a discriminação, pois nossa felicidade estava muito acima de qualquer preconceito.
A farra começava na véspera da viagem: ninguém dormia direito por conta da ansiedade. Preparar comida, selecionar refrigerantes, separar roupas… As donas de casa se viravam em trinta. Os homens ficavam responsáveis por selecionar as “bóias”, no que eram transformadas as câmaras de ar de pneus de caminhão e carro de passeio. A grande lona também fazia parte dos acessórios, pois ela era acoplada ao ônibus e daí estava levantada a tenda que servia de referência para o grupo.
O banho de mar era uma festa. As meninas, em pleno desabrochar da juventude, se bronzeavam como coca-cola, e depois apareceram aqueles bronzeadores vermelhos. A ordem era pegar cor. Os homens, além da afoiteza nos banhos de mar, a bordo das enormes bóias, se dividiam no prazer do levantamento de copos e numa agradável pelada.
A pelada era uma oportunidade única de figurar num mesmo time com Mário de Pirulito, Wilson Brito e outros craques do Santa Cruz de Carpina.
A alegria era imensa. As horas passavam voando, o dia ficava curto, e o 7 de Setembro, cada vez mais, se tornava a data de novos sonhos. Além de fatos e imagens arquivados em nossas memórias, os piqueniques eram lembrados pelos mariscos, ouriços e estrelas do mar que eram levados para casa com o máximo de cuidado.
Detalhe interessante: quase todos os ônibus da cidade eram alocados pelas famílias, mas nunca iam para o mesmo, ou seja, todos seguiam para praias diferentes. Tal fato gerava mote para prosas durante muito tempo.
Os passeios seguiam na pauta dos dias vindouros até o bronze durar. Ficar com o rosto e os ombros despelando era como se fosse um troféu.
Na volta pra casa, vez por outra, pegávamos um engarrafamento, numa ou outra cidade por conta dos desfiles cívicos.
Para nós carpinenses, dia de desfile era o 11 de setembro, quando comemoramos a emancipação política da nossa cidade. O 7 de Setembro era sinônimo de praia, dia de reunir as famílias, de sorrir, de brincar e se esbaldar no paraíso.
Como foi boa minha vida de farofeiro!

Texto do Jornalista Claudemir Gomes

Carlos Peruca 07 set 2020 - 18:54m

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